Capitu traiu Bentinho? Descubra a verdade!
Afinal, Capitu traiu Bentinho? Certamente, essa pergunta já passou pela sua cabeça, querido leitor. E se você já leu alguma obra de Machado de Assis, pegou a referência dessa conversa! Quer saber toda a verdade escondida nas entrelinhas machadianas? O Escritora de Sucesso, com a ajuda de uma especialista literária, vai te responder.
É verdade que Capitu traiu Bentinho?
A única pessoa que poderia responder a essa pergunta seria o próprio Machado de Assis (e mesmo assim, acho que nem ele teria uma resposta definitiva). Ficou mais confuso ainda? Deixa que eu explico!
Vou começar com uma frase que vai te fazer refletir: toda verdade tem, ao menos, dois lados. Certo? Certo! Pois muito bem, querido leitor, quem conta a história de Capitu? Quem é o narrador dessa história? Vou te dar uns segundinhos para relembrar…
EXATAMENTE! O narrador é Bentinho (já não tão Bentinho, pois na narrativa ele evolui para Bento Santiago), em 1ª pessoa!!! Todas as falas de Dona Capitolina, nossa tão estimada Capitu, todas as suas ações, toda a malícia atribuída a ela (com seus olhos dissimulados), são narradas por Bentinho. É apenas a versão dele que nós, avisados leitores (me perdoem os trocadilhos), temos acesso!
Como provar que Capitu traiu Bentinho?
O narrador tenta a todo custo provar – com argumentos – que ela o traiu. Por exemplo, há quem acredite que os encontros de Capitu com Escobar não eram para discutir economias, mas sim, encontros escondidos por causa do caso que mantinham.
Há quem tome a traição como verdade, acreditando na palavra do narrador sobre o filho deles, Ezequiel, de que ele se parecia muito com Escobar. Vou contar uma coisinha aqui, mas fica entre nós, tá? Há teorias que sugerem que a sexualidade de Bentinho era “controversa”, pois a fixação dele em Escobar e na beleza dos seus braços poderia indicar um amor mais carnal do que fraternal.
É possível provar a inocência de Capitu?
Eu não sei se podemos afirmar isso, estimado leitor. Mas posso afirmar que é possível, sim, refutar as teorias de Bentinho. Por exemplo: quem disse que uma mulher do século XIX não poderia se interessar por economia e querer entender mais sobre dinheiro? Fica aí a pulga atrás da sua orelha. Todo mundo é inocente até que se prove o contrário!
E quanto à semelhança do filho com o melhor amigo, podemos considerar duas contraprovas: a primeira é a semelhança percebida entre a esposa de Gurgel e Capitu – e entre elas não havia nenhum parentesco! A segunda é: não seria possível que Ezequiel estivesse imitando os trejeitos de Escobar por carinho e convivência?
E como termina a trama?
!!! ALERTA DE SPOILER!!!
Pois muito bem, como termina esse emaranhado literário? Nada bem. O tempo passa e nada se resolve como em um romance com final feliz. Escobar morre muito antes do final, tragado pelo oceano (seria o mesmo oceano que Capitu trazia nos olhos? Não sei…) Os familiares de Bentinho também já haviam falecido. O casal não permanece junto. Capitu morre bonita. Ezequiel morre jovem. Seu funeral é pago pelo pai, que dá graças por não ter que vê-lo novamente.
E o que acontece com Bento Santiago – nosso narrador, Bentinho?
Irônico como só o narrador Machado de Assis consegue ser, Bentinho termina a história sozinho, corroído pela moléstia do ciúme. Sua última fala revela ao leitor o seu maior desejo: que a terra, onde jazem Capitu e Escobar, lhes seja leve… Imagina? Há muita ironia aqui, afinal, ele é o resto, o que sobra dessa trama toda…
Se você já leu, certamente tem uma opinião formada, né?
E se você chegou a este texto por acaso, saiba que Dom Casmurro está disponível em domínio público. Então, não há desculpas para não correr e ler agora! Quem sabe a nossa próxima conversa não é sobre o defunto que roeu as carnes de um outro narrador machadiano!
“Vamos à história dos Subúrbios!”
Texto produzido pela Professora Mª. Izabele Rodrigues.
Veja também: Resumo do livro Dom Casmurro de Machado de Assis
